Investigação na Câmara foi ampliada após ex-servidor comparar licitações

Ação em Ilhéus
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Uma testemunha-chave da operação que resultou, hoje pela manhã, na prisão de vereadores e servidores da Câmara de Ilhéus, além de mandados de busca e apreensão em diversos locais do município, disse que a ação investigatória do MP que, inicialmente "mirava" na legislatura passada, acertou em cheio duas legislaturas - inclusive a atual - por conta de um depoente.

Um influente ex-servidor da Câmara, demitido a pedido do ex-presidente Lucas Paiva, quando ouvido pelos promotores que investigavam irregularidades na gestão de Tarciso Paixão, resolveu "comparar" resultados e valores de licitações de quando seu algoz também foi presidente da Casa. Os números chamaram a atenção do MP. Um promotor chegou a dizer a ele: "vamos te convidar outras vezes pra vir aqui". O que, de fato, aconteceu.

Foi a partir destas informações detalhadas que as investigações foram ampliadas e hoje culminaram com a ação da Polícia Federal em diversos pontos da cidade e na residência de vereadores, servidores e ex-servidores do Legislativo.

Em nota, a Câmara se manifestou sobre a operação "Chave E", uma ação conjunta protagonizada pelo Ministério Público do Estado da Bahia, através do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais), da 8ª Promotoria de Justiça de Ilhéus-BA e Polícia Rodoviária Federal. A operação agora passou a investigar possíveis crimes contra a administração pública, fraudes a licitações, contratos e lavagem de dinheiro, praticados entre os anos de 2011 e 2018. A operação é consequência dos desdobramentos das Operações Citrus e Prelúdio.

A atual gestão da Câmara Municipal de Ilhéus esclarece que tem colaborado, nos limites da sua competência, com os requerimentos realizados pelo Ministério Público do Estado da Bahia até esta data. "Todas as recomendações feitas pelo Ministério Público do Estado da Bahia e pela Primeira Vara Crime de Ilhéus  estão sendo observadas pela atual gestão da Câmara Municipal de Ilhéus para evitar a reprodução e perpetuação de supostos crimes, assim como para oportunizar uma gestão transparente com a devida publicidade dos atos administrativos, especialmente aqueles relacionados aos processos de licitação e dispensa de licitação", afirma a nota.

A atual gestão assegura estar à disposição da sociedade ilheense e das autoridades para prestar qualquer outro esclarecimento e informação.

Nas primeiras horas da manhã, policiais federais iniciaram a operação na residência do ex-presidente Lukas Paiva. A porta foi arrombada e o vereador não se encontrava no local. De acordo com o Blog do Gusmão, a justiça determinou as prisões preventivas de Aêdo Laranjeira de Santana, Cleomir Primo de Santana, Leandro da Silva Santos, dos vereadores Lukas Paiva e Tarcísio Paixão, do funcionário da Câmara de Vereadores de Ilhéus, Paulo Leal, e do ex-vereador e atual secretário de agricultura do governo Marão, Valmir Freitas.